Em todo o mundo, o câncer colorretal é o terceiro tipo mais comum, sendo responsável por cerca de 10% de todos os diagnósticos da doença. Esse alerta para a sociedade em geral ganha um reforço neste mês, que marca a campanha Março Azul-marinho, voltada à promoção do cuidado e à prevenção da condição em todo o mundo.
O tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso: no cólon ou em sua porção final, o reto. O principal tipo de tumor colorretal é o adenocarcinoma e, em 90% dos casos, o tumor se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, podendo se tornar o câncer. A principal forma de diagnóstico e prevenção é através do rastreamento do exame de colonoscopia, em que um tubinho flexível com uma câmera na ponta é introduzido no intestino e faz imagens que revelam se há presença de possíveis alterações. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda iniciar o rastreio do câncer de cólon e reto da população adulta de risco habitual na faixa etária de 50 anos.
Para o médico oncologista da Oncoclinicas Brasília, Nilson de Castro Correia, o câncer colorretal está muito relacionado aos hábitos de vida. “Indivíduos que consomem uma dieta hiperproteica e hipercalórica, ou seja, com muita carne e gordura, obesos e sedentários têm um maior risco de desenvolver a doença. Ao contrário, os indivíduos que praticam atividades físicas regulares, tem uma dieta rica em vegetais, frutas e fibras, possuem um risco menor”, relata o doutor.
O principal sintoma desse tipo de câncer é a alteração do hábito intestinal. Muitas vezes a pessoa que defecava normalmente passa a ficar obstipada, demorando mais a ir ao banheiro. Podem ocorrer também maior esforço na evacuação com fezes e, eventualmente, sangramento nas fezes. O contrário também é válido, com o aumento do trânsito intestinal e diarreia.
O tratamento da doença é sempre cirúrgico. Entretanto, o doutor Nilson ressalta que em alguns casos, dependendo da localização do tumor, pode ser necessário a radioterapia, realizada antes da cirurgia em associação com a quimioterapia. “A quimioterapia isolada pode ser indicada em alguns tumores após a cirurgia para diminuir o risco de recaída ou quando o paciente tem doença avançada sem possibilidade para tratamento exclusivo”, explica. A escolha do melhor tratamento e das associações é feita pelo médico conforme o perfil molecular do tumor.
Segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer colorretal é o terceiro mais frequente entre os homens, logo após do câncer de próstata e de pulmão, e o segundo mais incidente nas mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama. Estimam-se que neste ano tenhamos 40.990 casos novos de câncer de cólon e reto, afetando em proporção quase igual ambos os gêneros. Já o número de mortes chega a 18.867, sendo 9.207 homens e 9.660 mulheres, de acordo com os dados mais recentes disponíveis.
E em tempos de pandemia e com a superlotação dos ambientes hospitalares, houve ainda impactos diretos no volume de realização de colonoscopias no país, o que pode de fato trazer desdobramentos preocupantes na luta contra o câncer. Vale ressaltar que desde o início da pandemia de Covid-19 no País, ao menos 70 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer no Brasil, segundo as Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica (SBP e SBCO). E mesmo com o constante alerta das autoridades de saúde e entidades voltadas à conscientização sobre o diagnóstico precoce como a melhor forma de garantir tratamentos menos intrusivos e mais eficazes para a sobrevida dos pacientes, o agravamento do quadro do câncer é uma preocupação global e exames de rotina não deveriam ser deixados em segundo plano.
Por: Jornal de Brasília