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Metrópoles: Glândula tida como dispensável pode proteger contra o câncer

Pesquisa da Universidade de Harvard comparou estado de saúde de pessoas que haviam retirado a glândula timo com outras que ainda a possuiam

Getty Images
Ilustração mostra o timo (em amarelo) dentro de uma reprodução do corpo humano - glândula
Você sabe onde fica a glândula timo? Ela está no meio do peito, atrás de um osso conhecido como esterno e um pouco acima de onde fica o coração. Por séculos, foi considerada dispensável e sem função em adultos. No entanto, novas investigações científicas vem mostrando o papel dela para o sistema de defesa do corpo, incluindo o combate ao câncer.

Um estudo de médicos da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, publicado em 3 de agosto no New England Journal of Medicine, descobriu que a retirada da timo pode atrapalhar a forma como os linfócitos, as células de defesa, combatem a formação de tumores e outras doenças.

O estudo foi feito com 1,1 mil pacientes submetidos à retirada do timo – procedimento chamado de timectomia – que tiveram suas informações de saúde comparadas com as de 6 mil voluntários que tinham o órgão. Os que não tinham timo apresentaram duas vezes mais de chance de desenvolver algum tipo de câncer no prazo de cinco anos depois da cirurgia. De acordo com os dados, 7,4% dos voluntários que não tinham o órgão tiveram o diagnosticado de câncer. No grupo dos que tinham a glândula, foram 3,7%. A mortalidade por câncer também foi maior entre os pacientes que haviam retirado o timo (2,3% em relação aos 1,5% do grupo controle). De forma geral, mais pessoas de adoentaram e morreram entre os que retiraram a glândula.

Para que o timo serve?

Durante a infância, o timo é considerado importante para a produção dos linfócitos T, as células que defendem o corpo de infecções de vírus, bactérias e outros agentes desconhecidos. Por muitos anos, porém, acreditou-se que a glândula perdia função na idade adulta e se atrofiava. Os pesqusiadores de Harvard sugerem que isso, provavelmente, é um engano. A produção de ao menos 15 tipos de linfócitos é reduzida quando o órgão é retirado dos pacientes, segundo o estudo. Mesmo que esta redução não seja total, ela parece interferir na capacidade do organismo de se defender.
“Esse estudo é um dos primeiros a mostrar a relação entre a eficácia da imunidade e a presença do timo em adultos. O timo era um órgão pouco estudado porque sua importância vai decaindo com o avançar da idade. Agora surgem essas evidências de que ele pode ter funções importantes mesmo estando atrofiado “, afirma o oncologista Márcio Almeida Paes, do grupo Oncoclínicas de Brasília.
Para os pesquisadores, há evidências suficientes de que o sistema de defesa do corpo piora com a retirada do órgão. O estudo também pode levar a uma mudança dos protocolos médicos. Em muitas cirurgias cardíacas, o timo era retirado para facilitar o acesso ao músculo cardíaco. Como o órgão era considerado “eliminável” após a infância, o procedimento era considerado sem graves consequências. Fonte: Metrópoles
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