O GPS|Lifetime conversou com o oncologista Márcio Almeida, que esclareceu as principais dúvidas a respeito da doença
O câncer colorretal é o terceiro que mais atinge os brasileiros. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, neste ano, cerca de 50 mil pessoas sejam diagnosticadas com a doença. No entanto, com a pandemia, hospitais e clínicas foram forçados a reduzir a quantidade dos exames que detectam o câncer, visto que é uma ação invasiva ao corpo humano. A campanha Março Azul-marinho vem, então, para conscientizar a população sobre o câncer colorretal e relembrar cuidados com o tumor, que costuma se manifestar em pessoas na faixa etária dos 50 anos.
O GPS|Lifetime conversou com o médico oncologista Márcio Almeida, da Oncoclínicas Brasília, para entender melhor sobre o câncer colorretal: quais são os sintomas, as maneiras de prevenir, os tratamentos existentes, entre diversas outras questões. Confira.
Câncer colorretal. O que é?
O câncer de intestino abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon, no reto (final do intestino, imediatamente antes do ânus) e no ânus. A doença também é conhecida como câncer de cólon e reto ou colorretal.
Quais são as causas do câncer colorretal?
Os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver câncer do intestino são: idade igual ou acima de 50 anos, excesso de peso corporal e alimentação não saudável, ou seja, pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras. O consumo de carnes processadas (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru e salame) e a ingestão excessiva de carne vermelha (acima de 500 gramas de carne cozida por semana) também aumentam o risco para este tipo de câncer.
Outros fatores relacionados à maior chance de desenvolvimento da doença são a história familiar de câncer de intestino, a história pessoal de câncer de intestino, ovário, útero ou mama, além de tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas.
Doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn, também aumentam o risco de câncer do intestino, bem como doenças hereditárias, como polipose adenomatosa familiar (FAP) e câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC). Pacientes com essas doenças devem ter acompanhamento individualizado.
A exposição ocupacional à radiação ionizante, como aos raios X e gama, pode aumentar o risco para câncer de cólon. Assim, profissionais do ramo da radiologia (industrial e médica) devem estar mais atentos.
Quais são os sintomas?
Os sintomas mais frequentemente associados ao câncer do intestino são:
- sangue nas fezes;
- alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados);
- dor ou desconforto abdominal;
- fraqueza e anemia;
- perda de peso sem causa aparente;
- alteração na forma das fezes (fezes muito finas e compridas);
- massa (tumoração) abdominal.
Esses sinais e sintomas também estão presentes em problemas como hemorroidas, verminose, úlcera gástrica e outros, e devem ser investigados para seu diagnóstico correto e tratamento específico.
Na maior parte das vezes esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em alguns dias.
Como é feito o diagnóstico desse tipo de câncer?
O diagnóstico requer biópsia (exame de pequeno pedaço de tecido retirado da lesão suspeita). A retirada da amostra é feita por meio de aparelho introduzido pelo reto (endoscópio).
A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento.
A detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento) mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
Os tumores de cólon e reto (ou colorretal) podem ser detectados precocemente através de dois exames principais: pesquisa de sangue oculto nas fezes, e endoscopias (colonoscopia ou retossigmoidoscopias).
Além do diagnóstico precoce, a Organização Mundial da Saúde preconiza que os países com condições de garantir a confirmação diagnóstica, referência e tratamento realizem o rastreamento do câncer do cólon e reto em pessoas acima de 50 anos, por meio do exame de sangue oculto de fezes. Os casos positivos neste exame deverão fazer uma colonoscopia ou retossigmoidoscopia, onde o médico irá visualizar a parte interna do intestino buscando o câncer ou pólipos que possam vir a se transformar em câncer.
Quais os tratamentos para câncer colorretal?
O câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. A cirurgia é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos (pequenas estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo) dentro do abdome. Outras etapas do tratamento incluem a radioterapia (uso de radiação), associada ou não à quimioterapia (uso de medicamentos), para diminuir a possibilidade de recidiva (retorno) do tumor.
O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas.
Após o tratamento, é importante realizar o acompanhamento médico para monitoramento de recidivas ou novos tumores.
Tem cura?
É tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso.
Hábitos saudáveis ajudam na prevenção desse tipo de câncer?
A manutenção do peso corporal adequado, a prática de atividade física, assim como a alimentação saudável são fundamentais para a prevenção do câncer de intestino. Uma alimentação saudável é composta, principalmente, por alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, grãos e sementes. Esse padrão de alimentação é rico em fibras e, além de promover o bom funcionamento do intestino, também ajuda no controle do peso corporal. Manter o peso dentro dos limites da normalidade e fazer atividade física, movimentando-se diariamente ou na maior parte da semana, são fatores importantes para a prevenção deste tipo de câncer.
Verifique se seu peso está adequado com uma calculadora de IMC.
Não fume e não se exponha ao tabagismo.
Por: GPS | Lifetime