São Paulo tem 2 mortes após ingestão de bebida adulterada
Alarmadas com os casos de intoxicação no estado de São Paulo, provocados pela ingestão de bebidas adulteradas com metanol, a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) e a Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia (ABNO) publicaram notas com alertas sobre a gravidade da situação.
A Abrabe manifestou sua “profunda preocupação e solidariedade às vítimas e familiares” após a confirmação dos casos, que incluem duas mortes. A entidade reforçou que atua “fortemente no combate ao mercado ilegal de bebidas, na orientação sobre o cumprimento das exigências técnicas e regulatórias do setor e na promoção do consumo responsável“.
Segundo a associação, apenas em 2025, o volume de apreensões ultrapassou 160 mil produtos falsificados, além de insumos e equipamentos. “A Abrabe reitera o compromisso com a proteção do consumidor e com a defesa do mercado legal, seguro e responsável e seguirá contribuindo com os Governos Federal e Estadual para proteção da população”, diz a nota.
A Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia alertou que o consumo de metanol pode causar neuropatia óptica, “uma doença grave que pode causar perda de visão irreversível“. De acordo com a entidade, entre 12 horas e 24 horas após a ingestão surgem sintomas como “dor de cabeça, náuseas, vômitos, dor abdominal, confusão mental e, principalmente, visão turva repentina ou até cegueira“.
Risco de cegueira
A oftalmologista Stefânia Diniz, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), explica que o perigo do metanol está na sua metabolização pelo organismo:
“O metanol é perigoso porque quando ele é metabolizado pelo organismo, ele se transforma em substâncias extremamente tóxicas, que são então o formaldeído e o ácido fórmico. E essas substâncias podem causar lesão direta no nervo óptico e no sistema nervoso central.”
Segundo Diniz, o ácido fórmico provoca uma espécie de hipóxia celular, que é a falta de oxigênio mesmo na presença dele no corpo.
“Essas células que são mais sensíveis à hipóxia são as células do nervo óptico e da retina e, por isso, esse paciente pode desenvolver uma neurite óptica, edema do nervo óptico, que é o nervo da visão, e degeneração dessas fibras nervosas. Os casos de cegueira por intoxicação pelo metanol são de cegueira irreversível, mesmo com doses baixas. Cerca de 10 ml já são suficientes para gerar esse dano ao nervo óptico e causar a perda permanente da visão.”
Situação em São Paulo
Nos últimos 25 dias, nove pessoas apresentaram intoxicação após o consumo de bebida alcoólica adulterada com metanol em São Paulo, das quais duas morreram. A gravidade da situação levou a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e o Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP) a publicarem uma nota técnica com recomendações urgentes aos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas no estado.
