Principal causador da doença, o HPV, pode ser prevenido com vacinação e uso de preservativos. Pessoas que já iniciaram a vida sexual podem tomar pela rede privada
Janeiro Verde é o mês de conscientização sobre o câncer de colo de útero – (crédito: Reprodução/Freepik)
O câncer de colo de útero é o terceiro tipo de câncer mais recorrente entre as mulheres no país, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Estima-se que, entre 2023 e 2025, devem surgir 17.010 novos casos. Embora tenha grande incidência, o principal causador da doença, o Papilomavírus Humano (HPV), tem vacina. Para alertar sobre os riscos e formas de prevenir o câncer de colo de útero, foi criada a campanha do Janeiro Verde.
A oncologista Andreza Souto, da Oncoclínicas Brasília, explica que o tumor é mais comum em mulheres entre 30 e 40 anos, na maioria das vezes devido à contaminação pelo HPV. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 75% das mulheres sexualmente ativas entram em contato com o vírus ao longo da vida, e 5% delas devem desenvolver tumor maligno. Por isso, a médica alerta para a vacinação e medidas de barreira como a camisinha.
Embora a vacina esteja disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), apenas para uma pequena faixa da população, que engloba pessoas de 9 a 14 anos, imunossuprimidos de 9 a 45 anos, portadores do vírus HIV, transplantados e pacientes oncológicos, a médica indica que mulheres que não se enquadram nas categorias podem e devem procurar a vacina. “Mesmo que você seja portadora de algum tipo de HPV, quanto você toma vacina, você está se protegendo de outro subtítulos”, explica.
“Sem falar que tem alguns estudos mostram que a vacina pode até ajudar a regredir lesões pré malignas”, aponta. Essas lesões, chamadas de Neoplasias Intraepitelial Cervical (NICs), antecedem o desenvolvimento de um tumor no colo do útero.
Não ter vergonha
Carolina Viana, 36 anos, descobriu o câncer de colo de útero em um estágio mais avançado na metade de 2023. A advogada conta que percebeu um sangramento incomum e resolveu se consultar com ginecologista. “As informações que eu tinha eram poucas”, relata. “Eu acho que a informação é um veículo muito importante, porque a gente entende como se prevenir do HPV”.
Após o diagnóstico, ela começou a conversar sobre o assunto com amigas e soube que algumas delas já tiveram contato com o vírus, mas nunca falaram por vergonha. “Tem mulher que quando é diagnosticada (com o câncer), deixa para lá e não inicia o tratamento às vezes por vergonha do marido, porque o marido vai achar que pegou HPV e porque tava traindo ele”, conta. “O HPV é silencioso, às vezes ele fica adormecido dentro da gente, às vezes sua imunidade baixa e ela vem à tona”.
Vacinação
A vacina contra o HPV está disponível pelo SUS desde 2014, quando contou com campanhas em unidades escolares pelo Brasil. A oncologista Andreza Souto explica que os resultados dessa vacinação ainda devem ser observados pelos próximos anos, visto que o público-alvo de das primeiras iniciativas ainda é jovem, por volta dos 23 anos de idade.
No ano passado, um avanço no desenvolvimento das vacinas proporcionou uma cobertura contra mais cepas do desenvolvimento. A vacina nonavalente está disponível nas clínicas privadas desde 2023. Mesmo quem já tomou a quadrivalente, ofertada na rede pública, pode se vacinar com a nonavalente.
No Distrito Federal, a faixa etária para a vacinação de meninos foi expandida no fim de 2022. Atualmente, meninos de 9 a 14 anos estão entre o público alvo, antes o intervalo era de 11 a 14. Essa expansão contribuiu para o aumento da quantidade de doses aplicadas em 2023, no entanto, a cobertura vacinal ainda está abaixo da meta. Em maio de 2023, segundo dados da Secretaria de Saúde (SES-DF), a aplicação da segunda dose havia chegado a 56,6% do público feminino e somente 25,6% dos meninos.
Fonte: Correio Braziliense