O Instagram começou a fazer ajustes em seu algoritmo após um grupo de funcionários ter alegado que o conteúdo favorável à Palestina não estava sendo visível para os usuários durante os conflitos na Faixa de Gaza. Segundo a rede social, isto teria ocorrido porque o algoritmo dá mais ênfase a conteúdos originais nos stories do que os repostados, mas que considerará peso igual a ambos os lados.
O comunicado foi enviado ao site The Verge no último domingo (30), após relatos de que a moderação automatizada do Instagram havia bloqueado e removido conteúdos com viés políticos. Os funcionários acreditam que a redução do alcance e a remoção desses materiais não foi proposital, mas que esse tipo de prática poderia “marginalizar” minorias ou gerar versões distorcidas dos fatos ao mostrar apenas um lado.
Segundo o The Verge, um porta-voz do Facebook, empresa dona do Instagram, teria dito que a falha se encontra na forma como o algoritmo lida com os conteúdos favoritos dos usuários, mostrando eles em detrimento de outros potencialmente “menos interessantes”. Isso teria levado as pessoas a crer que havia uma censura em determinados pontos de vista, o que não seria o caso, de acordo com a rede social. “Isso se aplica a qualquer postagem compartilhada novamente nos stories, independentemente do assunto”, explicou.
Para o Instagram, seus usuários estão mais interessados em conteúdos originais de amigos próximos do que ver posts e fotos de outras pessoas que não conhecem. “Mas houve um aumento — não apenas agora, mas também no passado — de quantas pessoas estão compartilhando postagens, e vimos um impacto maior do que o esperado no alcance delas. Stories que compartilham postagens de feed não têm obtido o alcance que as pessoas esperam, e isso não é uma boa experiência”, disse o porta-voz.
Apesar disso, não ficou claro se a alteração será pontual (apenas no caso do conflito) ou se passará a afetar todos os posts. Isso porque o Instagram sempre apregoou a necessidade de que o conteúdo original se sobreponha a compartilhamentos ou replicações. Caso o alcance dos posts compartilhados for aumentado, isso poderia leva a uma queda na produção de conteúdo específico para os stories.
Algoritmo que toma partido?
Twitter, Facebook e Instagram têm sido alvos de críticas sobre a entrega dos conteúdos relacionados ao algoritmo das plataformas. O Instagram já teve um problema similar antes, após ter impedido seis contas de postar conteúdo pró-Palestina, o que teria ocorrido devido a um “bug técnico”:
No início do mês, a rede do passarinho penalizou a conta de um escritor palestino, mas depois voltou atrás e disse ter ocorrido um erro. A rede também se viu no centro das discussões após uma acusação de que seu sistema era racista, já que, ao cortar uma foto, daria preferência a manter as pessoas brancas no centro do quadro — suspeita essa que foi confirmada por um estudo recente.
Um algoritmo tende a replicar os gostos e hábitos da maioria, o que pode ser um problema para quem está “de fora” dela. Ao privilegiar um dos lados, fica a impressão de que a rede social adota posicionamentos e isso é terrível no ambiente sociopolítico, além de ter impactos negativos sobre a experiência na plataforma.
Fonte: Canal Tech