Em Paracatu remanescentes de quilombo afirmam ter sido privados de mais da metade do território de ancestrais pela mineradora Kinross, de quem cobram R$ 1 bi
Uma área de práticas e histórias ancestrais, onde gerações de escravizados encontraram refúgio para escapar da servidão e sobreviver à crueldade hoje tem mais da metade de seu terreno (52,3%) ocupada por estruturas de mineração de ouro, incluindo uma das maiores barragens de rejeitos do mundo, a Eustáquio.
Atualmente, sobre área que já foi do antigo Quilombo do Machadinho, em Paracatu (MG), no Noroeste do estado, a 500 quilômetros de Belo Horizonte (MG), estão represados nada menos do que 506,4 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos com tratamentos químicos, provenientes da Mina Morro do Ouro, explorada pela mineradora canadense Kinross.
Para que se tenha uma dimensão do tamanho dessa represa, basta dizer que o volume de rejeitos que ela abriga é 10,3 vezes maior do que os 49 milhões de m³ liberados pelo rompimento das barragens do Fundão (Mariana-MG) e da Mina Córrego do Feijão (Brumadinho-MG), juntas.